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Imagem: Corvo Por Gonçalo Borges Dias
O céu clareava e ao fundo um raio de sol ainda timído espreitava por trás da casa branca e janelas enormes e transparentes. O teu reflexo brilhava numa das janelas tal e qual um anjo perdido, tal qual poeta esquecido nas asas de um sonho.
Um olhar flutuante, um rosto de criança num corpo de adulto, umas mãos macias, um sorriso branco. O mais branco que já vi.
Passo ante passo, caminhei na tua direcção, de chave ao peito segui o teu canto.
Perdido em notas ecoadas no mar, com o pensamento bem longe dos céus, levaste-me ao teu mundo.
A um mundo de criaturas felizes, simples, sinceras onde o sol quente brilha todos os dias enquanto as gotas de chuva fazem dos vales os mais verdes que já vi.
A um mundo onde a vida é para sempre e o sorriso não se esgota numa lágrima.
A um mundo onde o Homem deixa de o ser. A um mundo de almas, a um mundo perfeito.
O relógio bateu. Seis horas da manhã. Um abraço e despareces no sabor do vento.
Adeus, até mais.
Cátia