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Imagem: Corvo Por Gonçalo Borges Dias
O céu clareava e ao fundo um raio de sol ainda timído espreitava por trás da casa branca e janelas enormes e transparentes. O teu reflexo brilhava numa das janelas tal e qual um anjo perdido, tal qual poeta esquecido nas asas de um sonho.
Um olhar flutuante, um rosto de criança num corpo de adulto, umas mãos macias, um sorriso branco. O mais branco que já vi.
Passo ante passo, caminhei na tua direcção, de chave ao peito segui o teu canto.
Perdido em notas ecoadas no mar, com o pensamento bem longe dos céus, levaste-me ao teu mundo.
A um mundo de criaturas felizes, simples, sinceras onde o sol quente brilha todos os dias enquanto as gotas de chuva fazem dos vales os mais verdes que já vi.
A um mundo onde a vida é para sempre e o sorriso não se esgota numa lágrima.
A um mundo onde o Homem deixa de o ser. A um mundo de almas, a um mundo perfeito.
O relógio bateu. Seis horas da manhã. Um abraço e despareces no sabor do vento.
Adeus, até mais.
Cátia
Imagem: Winter Eye by SSilence
Por entre estrelas de magia e gotas de amor,
Por entre sonhos e fantasias, segredos e dor,
Surge um teu olhar, triste e solitário,
Amado e feliz, doce, brilhante.
Por entre gritos de vida e gestos perdidos,
Por entre palavras susurradas e passos sem destino,
Surge um teu olhar, sem uma lágrima, um pestanejar,
surges com a tua imagem em cada pequeno olhar.
Com sonhos de uma criança em corpo de adulto,
Com alegrias que te saem do coração, prontas a partilhar com o mundo,
Com tristezas das quais tiras sempre qualquer conclusão,
Com lágrimas e sorrisos soltos, numa qualquer ilusão.
Surges com o teu olhar brilhante e transparente,
Surges com a esperança de uma criança inocente.
Perde-te no teu sonho.
Perde-te na tua ilusão.
Perde-te no teu olhar.
Perde-te em mim.
Como eu me perco em ti.
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Cátia