Cátia @ 02:41

Qui, 16/06/05

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Cátia @ 01:48

Qui, 16/06/05

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Quinta Feira, 9 de Junho de 2005, estação de Metro do Marquês de Pombal, linha amarela. Como é costume no metro Lisboeta, especialmente nas estações mais concorridas  pelos passageiros, os vendedores credenciados da revista CAIS - revista de ajuda aos Sem-Abrigo calcorreiam estações e metro à procura de alguém que lhes dê algo em troca daquelas revistas. Ora, creio que todos conhecem o objectivo e a forma como este projecto é levado a cabo, pelo que não me vou prolongar nesse sentido.

A razão de dar lugar no meu blog a este projecto, e especialmente a este dia, foi por ter visto a coisa mais desprezível desde há muito tempo. Estava um homem, sem abrigo, a tentar vender a revista às poucas pessoas que se encontravam na estação. Nada de ser chato,  não era daqueles que ficam a chatear durante não sei quanto tempo até comprarmos só para ele nos largar. Ele simplesmente anunciava a revista e perguntava se estávamos interessados. Nada que um simples "não", não resolva. Contudo, após passar por mim, uns metros mais à frente, estava uma mulher, com uns 40 e muitos anos. Magra, de óculos, cabelo castanho creio, curto e liso. Vestida no seu belo fato de casaco e saia brancos e provavelmente com uns sapatos quaisquer da mesma cor. Vão-se já aperceber porque é que deixei de notar na roupa desta mulher. Ora o sem-abrigo, que era um sr gordo, de bigode se não estou em erro, cabelo e bigode meio grisalhos mas LIMPO, aproximou-se desta mulher como fez com umas dezenas de pessoas para trás... Esta mulher, não se limitou a dizer simplesmente não, teve de se afastar do homem, com um ar de nojo e a olhar de lado. Sinceramente, nesse momento só consegui pensar o quão injusto o ser humano é. E acreditem, o homem estava normalíssimo... só tinha uma camisola amarela com um emblema da Cais e umas revistas na mão.. e foi isso que fez com que fosse visto com outros olhos por esta mulher. E por quantos outros?

Percebo que às vezes se tenha nojo de se aproximar de certas pessoas, especialmente quando se fala de sem-abrigo que vivem nas ruas, de toxicodependentes (muitas vezes nas mesmas condições) ou de pessoas que vivem em bairros degradados. Percebo e até certo ponto aceito pois nem todos somos talhados para determinadas coisas, eu também não poderia ser médica, por isso compreendo... Agora afastar uma pessoa pura e simplesmente por andar a vender revistas que são a sua forma de sustento? Enfim.... insensibilidade, estupidez, falta de civismo, falta de educação e sobretudo falta de respeito.... Há que lembrar que, muitas vezes, estas pessoas necessitam mais de uma palavra de ajuda, de um olhar, de um sorriso, de meia dúzia de palavras do que propriamente dos 2€ da revista. Enfim...

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Cátia





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