Cátia @ 14:46

Sab, 25/12/04

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Vinte e três de Dezembro. O relógio marcava 19h25. Atrás de mim um placard negro com umas letras em laranja luminoso marcavam linhas, destinos e horários. À frente duas máquinas de venda de bilhetes com listas brancas a cruzarem o verde base. Do lado direito uma espécie de varandim e mais à frente umas escadas. Lá em baixo uma rapariga gordinha e loira vende pipocas num carrinho vermelho, todo o ar está repleto daquel cheiro doce e quente. Mais à frente uma espécie de cascata faz escorrer água pelas paredes azuis da estação. Á frente uma árvore de Natal, uma cadeira, um microfone e um amplificador, contudo... está deserto.
Estou a tentar saborear um livro, contudo reparo em tudo à minha volta. Um grupo de pequenotes nos seus 12 ou 13 anos tira atrapalhadamente bilhetes das máquinas automáticas enquanto uma mulher de cabelo liso e muito loiro com pele muito branca e um casaco preto até aos pés espera pacientemente atrás deles. Ao lado um homem gordo, alto e já meio sem cabelo com um casaco verde escuro tira um bilhete... com destino desconhecido.
Entretanto vejo pessoas a correr. Loiras, morenas, ruivas, africanas, chinesas e mesmo um casal espanhol de mochila de campismo às costas. Nos passos apressados sinto vidas a passar, pensamentos a percorrerem a mente destas pessoas. Levam sacos e mais sacos nas mãos, pretos, vermelhos, azuis, verdes, dourados, brancos... vê-se bem que estamos quase no Natal.
De repente o silêncio. São três minutos em que não passa ninguém... Partiram os comboios, não chegou nenhum metro, não atracou nenhum barco... depois oiço uns passos, salto de mulher, estilo agulha, apressados. Depois outros, sapato de homem castanhos, depois outros mas desta são passinhos pequenitos e leves... uma criança negra de uns 3 ou 4 anos de idade agarrada ao casaco da mãe que leva ao colo um outro menino mais pequenito. "Até para a semana! Feliz Natal!".
Neste corrupio passam-se os minutos, mais um comboio chega. Sinto o teu abraço forte a dizer-me "amo-te". O mundo parou e já não oiço passos, estou longe dali.


Espero que todos estejam a ter um Feliz Natal repleto de saúde, amizade, amor, alegria e muitas prendinhas fantásticas!

Boas Festas!

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Cátia










Cátia @ 17:36

Dom, 19/12/04

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Apenas um momento para homenagear um jovem basquetebolista que perdeu a vida nas nossas estradas no passado sábado quando se dirigia para um momento de festa do basquetebol português: o All Star 2004/2005.
Apagou-se mais uma estrela do céu do basquetebol. Vai em paz Rui.
Os mais sinceros pêsames à família, ao clube, aos companheiros de equipas e aos seus amigos. Que a coragem vos leve onde decerto o Rui vos gostaria de ver!

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Cátia







Cátia @ 00:13

Sab, 18/12/04

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Foto: Tobias Zeising

O dia nasceu solarengo, o céu azulado com uma leve brisa fria. Os carros estão cobertos com pequenas camadas de geada. Nota-se bem que é Inverno. O relógio marca 8 horas. Na estação de comboios, cinzenta e sem graça, com bancos de metal velhos e gastos, escadas de pedra sujas e usadas, o elevador transparente avariado, dezenas de pessoas esperam pela sua viagem. Não há sorrisos, talvez por estar muito frio. Todas as pessoas estão vestidas com gorros e cachecóis castanhos, cinzentos, pretos, azuis escuros, de fatos escuros e sobretudos quentes... também eles escuros. Não se vê uma cor alegre em toda a estação, será que é o reflexo de uma infelicidade geral? Avistam-se pessoas de todas as etnias e idades, todas demasiado sóbrias e sérias, demasiado atarefadas nos seus próprios pensamentos ou nas conversas corriqueiras de colegas de trabalho ou vizinhos.
No altifalante, ouve-se uma voz de mulher a anunciar um qualquer comboio que se aproxima da plataforma de embarque, contudo o som sai tão distorcido que é impossível perceber qual o destino do comboio. O placar há muito que deixou de anunciar, apenas se vê uma placa no cimo de uma coluna de ferro já meia enferrujada com o número 3.
Saem pessoas do comboio. Todas carrancudas, todas demasiado ocupadas, todas tão embebedidas nos seus pensamentos que nem se apercebem que, no céu, o sol brilha.
Por entre um monte de sobretudos escuros de pessoas carregadas de sacos e malas sobressaem repentinamente uns cabelos muito loiros em canudos. Um olho azul cintilante brilha com a luz do sol e um sorriso enorme revela-se por trás de um grande saco negro com um pequeno laço azul a sair por fora. Aos poucos a estação enche-se de uma alegria outrora impossível. É uma pequena menina de uns 5 anos de idade com um cabelo de anjo e uns olhos de mar, com um vestido creme e umas collants brancas, mto bem aconchegada no seu pequeno e fofo casaco rosa com uma gola de pêlo falso em tons creme. Nos pézitos umas botinhas de tamanho reduzido também elas cor-de-rosa claro. Na cabecinha, resguardando-a do frio via-se um pequenito gorro de lã em tons de creme, nas orelhas umas farfalhudas protecções de pêlo rosa muito clarinho e nas pequenas mãos umas luvas com risquinhas brancas e rosas. Numa mão segurava com força um pequeno coelho de peluche castanho claro com uns grandes bigodes e uma enorme barriga creme, do outro lado uma grande bolacha redonda ainda fumegante com pequenas pepitas de chocolate, ainda se pode sentir o cheiro da bolacha, recém-cozinhada. Na cara de pele muito clarinha, leva estampado um sorriso da cor da neve, inocente e sincero contornado por uns pequenitos lábios avermelhados.
Perante a imagem de uma estação tão cinzenta, sem graça e sem cor, a criança lembra com os seus olhos cintilantes e os seus pequenitos lábios... É Natal!


Vivam o Natal como uma época especial, lembrem-se de quando eram ainda crianças e tudo era encantado, lembrem-se dos cheiros próprios desta época e da felicidade de estar mais perto de quem mais amamos, mesmo que seja apenas por termos mais um minuto para nos lembrarmos de quem faz parte da nossa vida! Vivam o Natal por todas as crianças e distribuam sorrisos pois pode ser o bastante para aquecer um coração! Boas Festas!

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Cátia












Cátia @ 15:33

Ter, 07/12/04

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Ontem uma das notícias mais importantes nos telejornais portugueses foi a subida dos passes sociais dos transportes públicos prespectivada para Fevereiro do próximo ano. Este assunto começa a chatear-me pelo simples facto das empresas só poderem estar a gozar connosco. Ora vejamos, no passado mês de Outubro os passes aumentaram um bom pedaço. No meu caso, aumentou cerca de 2 euros e qualquer coisa, praticamente 3 euros, atingido uma quantia praticamente insuportável. Se nos lembrarmos que os maiores utilizadores de trasportes públicos são jovens e idosos, grande parte deles dependentes ou com reformas baixíssimas, põe-se a questão se realmente vale a pena andar de transportes públicos. Outra questão é para onde é que vai o dinheiro que se paga pois cada vez mais as condições dos transportes decrescem, cada vez mais diminuem o número de autocarros ou comboios e as condições nos mesmos. Compreendendo a alteração dos preços no petróleo, que inevitavelmente vai influenciar os preços dos passes, questiono se de facto, quando começarem a utilizar as quantidades que foram vendidas a preços inferiores os passes irão diminuir.... Claro que não! Que pergunta tão estúpida, afinal estamos em Portugal!
Parece-me que as empresas responsáveis pelos transportes públicos e que o nosso "des"governo não têm consciência que cada vez mais incitam a que as pessoas recorram ao transporte privado (mais aconchegante, mais à vontade, vai-se sempre sentado, ouve-se a música que quer, mete-se o carro à temperatura desejada...) em detrimento do transporte público. Não seria muito preocupante se não se verificasse que há um número exagerado de carros por família em Portugal, que cada um desses carros vai poluir o nosso ambiente degradando a qualidade dos alimentos, corroendo as construções e estragando o ar que respiramos. Já para não falar que nem mesmo os centros urbanos conseguem comportar maior afluência de transportes privados quer pelas já sobrelotadas estradas quer pela falta de estacionamento para os "popós"...
Infelizmente começamos a viver numa fome desbaratinada de dinheiro e sucesso em que se procura o maior lucro possível esquecendo qualidade de vida. Sinceramente começamos a parecer os EUA com empresas a "comerem-se" entre si esquecendo por completo que pretendem servir uma população e satisfazer as suas necessidades... Parece que a próxima necessidade é um carro pois de transportes vamos deixar de ir longe...

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Cátia







Cátia @ 21:29

Qui, 02/12/04

teddy_22.jpg

Pois é.. dei nova cara ao meu lugar de sonhos.. pelo menos agora para o Natal! Estava a merecer uma carita nova... considero a minha prenda de Natal para o meu Blog eheh... Só falta conseguir mudar o tipo de letra do título do blog para outra que para já o sapo não reconhece, ou seja, acho que tenho de adicionar o tipo de letra mas não faço ideia de como se faz... Alguém dá uma ajudinha?


Ela acorda. Lá fora a chuva cai sem piedade e as árvores abanam ao sabor de um vento forte. Á sua volta as paredes brancas cortadas por molduras castanhas envolvem-na no seu próprio mundo. A música toca ao fundo como que tentando alegrar um dia triste...
Lava a cara acreditando que, quando voltar a abrir os olhos, o mundo será um pouco mais bonito e justo mas rapidamente descobre que é apenas uma ilusão.
A porta bate atrás de si num estrondos ruído.. começa mais um dia. Entre ruas apinhadas de gente apressada e carrancuda, estradas repletas de carros barulhentos e velozes enchem um pouco mais a paisagem da cidade. Os prédios, velhos e sujos parecem ainda piores com o céu escurecido por nuvens pesadas e cinzentas.
Entre voltas e reviravoltas, passou por centenas de vidas, centenas de histórias, entre voltas e reviravoltas acaba mais um dia... parece que perdido.
Ela volta a casa depois de mais um dia... apenas mais um. Mas à sua espera, em vez de caras carrancudas e tristonhas, está um sorriso enorme e um olhar brilhante, repleto de amor. Abraçam-se e beijam-se... Afinal.. foi só mais um dia!

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Cátia










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