Após um dia extremamente difícil e marcante, encontro-me um pouco embebida nos meus pensamentos. Tudo o que aconteceu nos últimos dias fez-me pensar no que somos afinal senão um espíritos retidos num corpo frágil que a qualquer segundo pode ter um colapso e falhar mortalmente. Mas ao mesmo tempo que somos fisicamente tão frágeis, marcamos a vida das pessoas à nossa volta de uma forma que é impossível que não se lembrem de nós... pelo menos aquelas que realmente estão à nossa volta, pelo menos aquelas a que nos preocupamos em dar atenção, em dar um pouco de nós, um pouco do nosso tempo, um pouco do nosso olhar, um pouco da nossa mão.
Depois disto tenho pensado em mim... no que ando a fazer e nas pessoas que têm feito uma marca na minha vida, nas pessoas que eu deixei marquerem-me de uma forma positiva ou negativa e as pessoas que fizeram marcas de forma inconsciente, tanto para elas como para mim. E não consigo contá-las... não consigo enumerá-las.. nem sequer consigo dizer tds os seus nomes.. foram muitas, são muitas, serão demais.
Gostava de poder ter outro assunto.. que me ocorresse qq coisa bonita para escrever... mas tudo isso me parece inoportuno. A vida continua mas este é para mim um post de respeito a uma pessoa que se perdeu e a uma família enorme que, sem se dar conta, perdeu uma das suas peças fundamentais.
Posto isto ... convido-vos com alguns dias de antecedência a marcarem presença nas finais nacionais de cadetes femininos no pavilhão da Costa da Caparica na próxima 6ª à noite, sábado à tarde e domingo de manhã e de juniores A masculinos no pavilhão Cidade Sol (Barreiro) nas mesmas datas.
Em sonhos desejamos 1001 coisas. Em sonhos desejei-te. Na realidade tive-te. Em sonhos desejei-te para sempre. Na realidade desapareceste para sempre. Em sonhos chorei. Na realidade a vida continuou e eu sorrio. Pronta para beijar uma estrela, pronta para ser eu de novo, pronta para viver. Pronta para alguém que não serás tu.
Aproveitem o calor, aproveitem a lua, as estrelas e de manhãzinha o sol!
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Cátia
Há momentos em que tudo parece perfeito. O sol brilha quente lá em cima, o vento sopra levemente fazendo notar que não parámos no tempo, o céu está de um azul lindo e vivo. Eu estou aqui. Tu estás aqui. Sobretudo estamos juntos.
Noutros momentos parece que nada bate certo. Os pingos da chuva molham as ruas, o vento corre rápido, o céu está escuro, feio, escondido por pesadas nuvens cinzentas e carregadas de água. Eu continuo aqui. Tu não.
Há momentos em que te toco com o pensamento, em que as minhas mãos te percorrem e sinto o teu cheiro. Posso beijar os teus lábios, posso brincar com o teu cabelo, posso ver o teu sorriso.
Noutros momentos por muito que te procure não estás. Não te posso tocar, sentir, cheirar ou beijar. Não te posso ver. Não te posso querer. Não te quero.
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Cátia
Sentada no chão, com a lua a iluminar-me posso ver pequenos vultos que me acompanham em vez de me assombrarem. Saboreio o doce paladar do vento e sinto o cheiro de todo o ambiente em que envolve. Na calma da noite procuro um poeta desconhecido, alguém que nunca vi, alguém que nunca voltarei a ver. Passo a passo o mar aproxima-se de mim, num movimento banal e ao mesmo tempo tão bonito. O som das ondas abafa todos os ruídos da grande cidade e perco-me numa imensidão perdida, perco-me num mundo de sonhos onde os esforços são recompensados e não há lugar para a dor. Pelo menos não da maneira como a sentimos hoje, aqui.
Lá em cima, as pequenas estrelas parecem piscar, autênticas bolas de fogo que emanam um poder sem igual. Perco-me num labirinto de surpresas e aos poucos vejo revelar-se um vulto... é o meu poeta, é o meu momento, é a minha vida.
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Cátia
Abre a porta. Entra. Acende a luz. Senta-te. Acomoda-te. Fecha os olhos e sonha comigo, sonha o sonho de ambos, o sonho inesquecível que para sempre ficará nas nossas memórias, o sonho que sabemos que nunca se realizará. Mas sonha apenas pela felicidade de pensar na hipótese. Sonha comigo pois, pelo menos em sonhos, podemos fazer parte um do outro e para sempre dar as mãos, sentir-mo-nos e selar tudo num imenso beijo que dura um segundo, que fica marcado na eternidade.
Sinto-te fugir com o vento, poeta de alma e coração, perdido numa rua estreita, sem palavras, sem imagens, sem sons, sem ti, sem mim.
Nesses teus olhos de mar perco-me na imensidão, no teu sorriso brilhante e enternecedor sinto-me voar e perco-me de mim mesma. Talvez seja isso mesmo que preciso, talvez seja isso mesmo que quero: perder-me de mim mesma e voar para um lugar distante levanto-te comigo no meu coração, dentro de mim.
Não te peço muito, peço-te apenas o teu mundo, o teu coração e o teu amor. Peço-te a ti. Espera... isso é tudo em ti... talvez seja demais. Será? Mas é o que quero, é do que preciso. Preciso de ti e dos teus gestos. E sei que não mos podes dirigir, sei que não mos podes dar. Sei que não os posso receber. E sei que assim continuará.
Fecha a porta. Apaga a luz. Senta-te. Fecha os olhos e fica comigo nem que seja por um segundo, nem que seja para toda a vida. Sonha comigo e vamos voar!
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Cátia